Impressão Online

O JORNALISMO IMPRESSO E A INTERNET.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Brincando de telefone sem fio

Encontrei no Observatório um texto interessante de José Paulo Lanyi. Ele disponibiliza cinco comentários clichês sobre jornalismo feito na/para/pela internet e comenta cada um deles. Gostei da brincadeira e vou comentar também. Mas apenas um deles, que fala sobre a polêmica questão que envolve blogueiros e jornalistas.

Vamos lá:

Comentário clichê: Os blogs comprovam: blogueiro pode fazer jornalismo; logo, é jornalista.

Comentário de José Paulo Lanyi: Existem blogs jornalísticos e blogs pessoais (ou seja, calcados nas experiências cotidianas do indivíduo), entre outros, como empresariais, etc. Os blogs jornalísticos devem ser escritos por jornalistas. Neste caso, quem pode ser jornalista? A opinião deste articulista, há anos, é esta: jornalista é quem produz jornalismo, e isso independe de formação específica. Ou seja, jornalista que é jornalista nasce jornalista, por vocação, e forma-se como bem entender, seja cursando faculdades de jornalismo, seja cursando outras faculdades, seja cursando a faculdade da vida, em busca de prática e conhecimento. Importante é, essencialmente, ser. Os blogs jornalísticos devem ser escritos por jornalistas, com todas as (amplas) exigências e implicações imanentes a essa atividade.

Meu comentário: Qualquer um pode ser jornalista (deixemos a discussão do diploma de lado). Aliás, qualquer um pode assumir uma das funções do jornalista, a de repórter. Sou ainda uma romântica do jornalismo e acredito na sua potencialidade de ser a arte de contar histórias. Sendo assim, qualquer um pode e tem o direito de contá-las. A internet só vem ajudar no processo de divulgação e publicidade. Internet é um veículo e blogs são as ferramentas utilizadas para colocar as histórias na rede. Não vejo problema nenhum em um cidadão "comum", com as ferramentas tecnológicas disponíveis, fazer um vídeo, um podcast, um post e disponibilizar na rede. Muitos fatos só viram notícia graças ao trabalho de cidadãos "comuns", que os transformam em notícia e os publicam. Quem nunca acessou blogs, de jornalistas ou não, para se informar? Ou alguém consegue esperar até a próxima edição dos jornais, das revistas, ou ainda acredita na versão "oficial" das grandes empresas de comunicação?
Se todos somos jornalistas, por formação acadêmica ou pela "escola da vida", todos somos capazes de definir critérios e valores que tornam certos fatos notícias. Pelo menos para nós mesmos ou para um pequeno círculo de relacionamentos. O que eu julgo notícia, pode não ser para você, ou para o João e a Maria. E quem foi que disse que isso que os grandes jornalões (e "revistões") chamam de notícia tem interesse para mim? A internet veio para relativizar todas essas questões. E, além disso, coloca muitas ferramentas a nossa disposição para que sejamos a mídia.
Qualquer um pode ter um blog. Qualquer um pode ser um repórter. O jornalismo, como é feito hoje, é uma atividade puramente técnica. Qualquer um com o mínimo de conhecimento de lead e pirâmide invertida consegue fazer. E não só nos blogs, mas na mídia tradicional. Infelizmente.

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2 Comments:

  • At 01 agosto, 2007 23:02, Blogger Sérgio Rodrigo said…

    òtimo texto. Acho que essa questão de poder ou não está por fora. Todos podem!!!! O céu é o limite. Acho q a questão é mais de termo correto: é jornalismo? Ou não? Pra mim é. Novo formato, menos "imparcial", mais pessoal, até passional!

     
  • At 02 agosto, 2007 23:24, Anonymous Anônimo said…

    Eu pensei em escrever sobre esse artigo do Observatório, havia lido no blog do GJOL e me interessei.

    Mas porra... não consegui descobrir o que era mais clichê as frases destacadas ou os comentários do jornalista.

    A galera fica retomando umas discussões infrutíferas cheias de achismos e termos metafísicos para explicar a importância do ofício do jornalista-jornalista.

    Desisti... acho que vou ficar sem postar essa semana.

     

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